Encerramento do Congresso Brasileiro de Hagiologia


MENSAGEM DO COORDENADOR DO 
CONGRESSO BRASILEIRO DE HAGIOLOGIA 
FÁBIO TUCCI FARAH


Senhoras e senhores,

A partir do pontificado de Gregório IV, no século IX, a Igreja passou a celebrar universalmente, em 1º de novembro, uma festa em “honra a todos os santos conhecidos e desconhecidos”. Nessa solenidade, a igreja militante, nós, celebra a multidão de santos que povoa o reino dos Céus, desde os justos resgatados por Cristo em sua descida à Mansão dos Mortos até os milhares de cristãos perseguidos e martirizados em nossos dias. Nessa solenidade, voltamos os olhos para homens, mulheres e crianças de todos os tempos já acolhidos na Casa do Pai. E conseguimos vislumbrar, de modo ímpar, o destino final de nossa peregrinação por este mundo.

Na Epístola aos Hebreus, São Paulo nos deixou um belíssimo retrato da relação entre os que já chegaram aos céus e os que ainda caminham sobre a terra: “Portanto também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor (...) corramos com perseverança para o certame que nos é proposto”, a saber, a pátria celestial. Senhoras e senhores, neste primeiro Congresso Brasileiro de Hagiologia, seguimos o conselho de São Paulo. Durante três dias, os palestrantes ergueram as cortinas celestiais para nos mostrar algumas testemunhas que de lá nos assistem, testemunhas que semearam suas obras na fértil Terra de Santa Cruz. Em três dias, fomos encorajados a olhar para o Alto e firmar nossos passos neste “caminho reto e seguro”, nas palavras de Santo Antônio Maria Claret. Estou certo de que o tema de nosso Congresso, extraído da exortação apostólica “Gaudete et Exsultate”, veio à luz nesses três abençoados dias: “A santidade é o rosto mais bonito da Igreja.”

No dia em que a Igreja tradicionalmente celebra a Festa de Todos os Santos e encerramos o evento, temos a chance de contemplar – ainda por um espelho, em enigma, parafraseando São Paulo – a vasta beleza desse mosaico celestial. Na abertura, afirmei que o Congresso Brasileiro de Hagiologia era a resposta da Academia Brasileira de Hagiologia à exortação do Santo Padre. Na mesma exortação, somos chamados a dar uma resposta pessoal. Abramos, mais uma vez, os ouvidos ao papa Francisco:

“Jesus explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; fê-lo quando nos deixou as bem-aventuranças. Estas são como que o bilhete de identidade do cristão. Assim, se um de nós se questionar sobre «como fazer para chegar a ser um bom cristão», a resposta é simples: é necessário fazer – cada qual a seu modo – aquilo que Jesus disse no sermão das bem-aventuranças. Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida.”

Senhoras e senhores, desejo que o Congresso tenha produzido bons frutos em seus corações. Agradeço especialmente ao amigo Carlos Evaristo – e a Dom Duarte de Bragança – pela grata surpresa no fim da conferência sobre os santos e suas relíquias. Sinto-me honrado pela investidura à distância na Ordem de São Miguel da Ala - Order of Saint Michael of the Wing. A todos os palestrantes e participantes de nosso Congresso, peço a intercessão de Nossa Senhora da Esperança, cuja imagem chegou aqui na bagagem de Pedro Álvares Cabral. Em Porto Seguro, no altar improvisado por Frei Henrique de Coimbra, aquela imagem esteve presente na primeira missa que se rezou no solo dessa Terra de Santa Cruz, uma terra fértil em produzir santos, beatos, veneráveis e servos de Deus.

Maria, Nossa Esperança, tenha piedade de nós.
Esperança dos desesperados, rogai por nós.

Encerro com a oração à Santa Cruz, composta possivelmente no início século XVII.

Ó, Santa Cruz, em Vós foi suspenso o meu Senhor
com angústia de morte e cheio de dor.
Aí, com uma lança e pregos,
os membros foram perfurados,
mãos, pés e lado trespassados.

Quem Vos poderá louvar quanto baste?
Porque, Vós, todo o bem envolvestes
e com ele a nós enchestes.

Vós sois guia seguro
que nos leva à vida
que Deus eternamente dá.
Vós sois a ponte forte,
sobre a qual todos os fiéis
sobem durante as cheias.

Vós sois a vitória
diante da qual o inimigo,
só de olhar, estremece.

Vós sois o cajado do peregrino,
sobre o qual ondulamos seguros,
não tropeçamos nem caímos.

Vós sois a chave do Céu,
Vós encerrais a vida
que nos dais.
Mostrai a Vossa força e poder,
protegei-nos a todos
pelo Vosso santo nome.

Para que nós, filhos de Deus,
possamos morrer em paz,
como herança em Vosso reino.
Amém.

Agora, passo a palavra ao nosso presidente, Luciano Dídimo, para o encerramento oficial de nosso primeiro Congresso Brasileiro de Hagiologia.


MENSAGEM DO PRESIDENTE DA
ACADEMIA BRASILEIRA DE HAGIOLOGIA
LUCIANO DÍDIMO


Boa noite a todos.


Depois desses três dias que passamos nos alimentando de conhecimento e de espiritualidade, com certeza passamos todos nós a desejar cada vez mais essa santidade, que já é desejada por Deus para nós desde sempre, e que, como diz o Papa Francisco, é o rosto mais bonito da nossa Igreja.

Então só nos resta agradecer a Deus por tanto amor manifestado a nós através de todos os que colaboraram para que este evento se realizasse. 

Agradecemos aos celebrantes das missas do nosso congresso, Pe. Ismar Dias de Matos, que celebrou a missa de abertura transmitida diretamente de Belo Horizonte, e Pe. João Maria Rodrigues, que celebrou a missa de encerramento diretamente de Portugal.

Agradecemos aos nossos palestrantes, que tão generosamente partilharam conosco seus conhecimentos e estudos: José Luís Lira, Carlos Eduardo Vargas, Rudy Albino de Assunção, Pe. César Augusto dos Santos, Mons. Rubens Miraglia Zani, Pe. Ismar Dias de Matos, José Pereira da Silva, Cícero Moraes, Pedro Bezerra de Araújo, Ives Gandra Martins, Carlos Evaristo e Silvonei José Protz.

Agradeço ao nosso amigo José Maia, que nos deu todo o suporte técnico nas transmissões deste congresso e a todos os confrades da nossa academia que apoiaram e divulgaram o nosso evento.  

Porém, de forma especial, quero agradecer ao nosso confrade Vasco Arruda, que tão bem desempenhou o papel de mestre de cerimônias, porque sabemos ser uma função bem cansativa, ao nosso confrade Fábio Tucci Farah, coordenador do nosso congresso, que não mediu esforços para fazer com que esse evento se realizasse. 

Graças a vocês, cresceu o nosso desejo de santidade, queremos agora ser mais santos. A Igreja instituiu para o dia de hoje a Festa de Todos os Santos, ou seja a festa dos santos desconhecidos, dos santos não canonizados. Essa festa nos leva a compreender que a santidade é possível a todos, é possível para cada um de nós. Jesus nos ensina como ser santos: “Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas” (Mc 10, 14) e "Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus" (Mt 5, 8). 

Iniciamos nosso congresso com poesia e com ela também encerraremos. Esse desejo de santidade, de ser como criança e de ter um coração puro, branco e sem mancha, me inspirou a escrever este soneto e com ele encerro esta fala e este congresso:


CORAÇÃO BRANCO 


Receberia de Deus, com prazer,

Um coração com a paz de criança

Que confiante no colo descansa,

Com a certeza que o sol vai se erguer. 


Um coração a pulsar no meu ser,

Dilacerando aflições feito lança,

Embora frágil, intrépido em dança,

Inquebrantável, com luz de poder. 


Um coração infantil, com efeito,

Que seja puro, inocente, sem tranca,

Nos alforria do mal que atravanca. 


Eu gostaria de ter em meu peito,

Para que um dia, no céu, seja aceito,

Um coração que tivesse a cor branca!  


Luciano Dídimo 


Declaro, portanto, ENCERRADO o primeiro CONGRESSO BRASILEIRO DE HAGIOLOGIA realizado neste país.


Muito obrigado!

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