Sessão da ABRHAGI do dia 29/03/2017

Presidente Vicente Maia faz a abertura da sessão da ABRHAGI

No dia 29/03/2017 aconteceu sessão solene na Academia Brasileira de Hagiologia onde aconteceu a posse de três novos membros: Fábio Tucci Farah - cadeira 34 – patronesse: Santa Joana d’Arc, Neuzemar Gomes de Moraes - cadeira 09 – patrono: Santo Anselmo e Raimundo Bezerra Falcão - cadeira 20 – patrono: São Paulo.

Presidente Vicente Maia e os novos acadêmicos


Após a posse, o jornalista, escritor e especialista em relíquias da Arquidiocese de São Paulo, Fábio Tucci Farah, falou em nome dos neoacadêmicos e expôs o tema “O verdadeiro rosto de santa Joana d’Arc”, a patronesse de sua cadeira.

confrades, amigos e familiares prestigiaram o evento
Segue abaixo na íntegra o discurso proferido na ocasião:

O verdadeiro rosto de santa Joana d’Arc

Caros confrades, confreiras, neoacadêmicos, familiares e demais presentes,

Primeiramente, agradeço aos membros da Academia por terem confiado em mim para fazer parte de tão distinta associação. Diferentemente de outras entidades, como as academias de Letras, Filosofia, Geografia e História, a Academia de Hagiologia não é somente uma agremiação cultural. Ao fundarem uma academia cujos patronos são santos, beatos e candidatos à honra dos altares, Matusahila Santiago, Gizela Nunes da Costa e José Luís Lira jogaram uma luz original sobre um dos trechos da Epístola aos Hebreus. Para seu autor, os justos torceriam, como das arquibancadas de um estádio, pelos irmãos ainda em peregrinação por este mundo. Citando suas palavras: “Portanto também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor (...) corramos com perseverança para o certame que nos é proposto”. Em uma pequena escala, esta Academia reproduz a visão bíblica. Não estamos aqui sozinhos. Somos abençoados com a presença real de nossos patronos e patronesses que, de modo único, nos assistem na caminhada rumo ao Reino definitivo.

Em segundo lugar, agradeço ao acadêmico Ronaldo Rogério de Freitas Mourão que, em julho de 2014, completou sua peregrinação nesta vida, após uma brilhante carreira como astrônomo. Ele foi o membro-fundador da cadeira 34. E escolheu, como patronesse, santa Joana d’Arc. Ao receber a notícia de minha eleição para esta cadeira, disse ao presidente Vicente de Paula: “Fui escolhido pela santa”. Estaria sendo desonesto se enxergasse em minha eleição um capricho do acaso. Há exatos vinte anos, havia me mudado para a França. Embora tivesse escolhido morar em Montpellier, ao sul, uma série de fatores alheios à minha vontade me empurrou na direção de Poitiers. Quinhentos e sessenta e sete anos antes da minha chegada, uma adolescente do vilarejo de Domrémy foi enviada para lá por Carlos VII, pretendente ao trono francês. O delfim queria que suas extraordinárias alegações fossem submetidas ao crivo de uma banca de teólogos. A conclusão dos interrogatórios foi preservada: “O rei não deve rejeitar a virgem que diz que Deus a enviara para trazer-lhe ajuda (...) nenhuma malignidade foi encontrada nela, apenas bondade, humildade, virgindade e devoção, honestidade e simplicidade (...). Temer ou rejeitá-la seria rebelar-se contra o Espírito Santo e considerar-se indigno da ajuda divina”. 

Conhecia brevemente a história de Joana d´Arc, a heroína que tinha ajudado a libertar a França do imperialismo inglês. Mas, em Poitiers, cidade em que haviam reconhecido a missão divina da adolescente que ouvia vozes celestiais, começaríamos uma amizade que se aprofundaria no decorrer dos anos. Posso afirmar que, em Poitiers, comecei a ouvir a voz de Joana. Durante sua passagem por este mundo, ela sempre foi reticente em falar sobre suas conversações espirituais. Seguirei seu exemplo. Deixarei de lado nossas confidências e discorrerei brevemente sobre minha conselheira, minha amiga. Apesar de ter sido a mulher mais documentada da época medieval, não estou diante de uma tarefa tão simples.  


Ao longo da história, diversas pessoas citaram William Shakespeare em livros e discursos, como se o bardo ajudasse a endossar suas palavras, para o bem ou para o mal. Cento e sessenta e oito anos após a morte de minha patronesse, Shakespeare terminou a peça Henrique VI. Nela, Joana é retratada como uma feiticeira, capturada pelos ingleses após ter sido abandonada pelos espíritos malignos que costumava conjurar. Os ingleses não poderiam gostar de quem ajudou a escorraçá-los do continente. E deveriam, portanto, defender o processo injusto a que submeteram a prisioneira de guerra. Shakespeare era um filho de sua época. E sua imagem ecoa a condenação expressa no suposto chapéu de papel colocado rudemente sobre a cabeça de Joana, minutos antes de ela arder na fogueira: “Herege – Reincidente – Apóstata – Idólatra”. 

Provavelmente, o maior dramaturgo de todos os tempos nem soube do processo de reabilitação movido pelos conterrâneos da vítima vinte cinco anos após sua trágica morte. E que reparou a injustiça histórica, inocentando-a das malfadadas acusações. Foram colhidos depoimentos de cerca de 120 testemunhas dos diversos períodos de sua vida, de parentes e vizinhos a companheiros de armas. Ainda assim, Joana seguiu sem ter unanimidade no país que se esforçou para libertar e cuja identidade ajudou a forjar. Em 1755, portanto, cento e cinquenta e seis anos após o nascimento da peça Henrique VI, Voltaire apontou sua pena mordaz contra a Virgem, no poema épico-satírico La Pucelle d’ Orléans. O objetivo principal era atacar, com obscenidade e irreverência, um de seus alvos favoritos: a Igreja. Na obra, a heroína e seus conterrâneos são barbaramente ridicularizados. No lugar de um cavalo de combate, ela monta um burro alado. Em vez de ajudar os pais no campo, trabalha em uma estrebaria. Apesar de masculinizada, desperta o desejo dos homens e consegue, a duras penas, conservar a virgindade. A Joana de Voltaire não é uma santa. E seu fim não é na fogueira, mas nos braços de um caloroso amante. 

Cento e cinquenta e quatro anos separam essa obra da beatificação de Joana pelo papa Pio X. Em uma academia de hagiologia, devo citar os milagres que a fizeram merecer tal distinção: A irmã Teresa de Santo Agostinho foi curada de úlceras na perna; a irmã Julie Gauthier foi livrada de um câncer no seio esquerdo; a irmã Marie Sagnier foi salva de um câncer no estômago. Segundo o Sumo Pontífice, “Joana d´Arc brilhou como uma estrela nova destinada a ser glória, não só da França, mas da Igreja Católica também”. Duas novas curas garantiram sua canonização pelo papa Bento XV, em uma cerimônia grandiosa na Basílica de São Pedro. Em um caso único na história da Igreja, alguém condenado por um tribunal eclesiástico por crimes contra a religião e a fé foi, séculos depois, alçado ao panteão celeste. Precisamente em 16 de maio de 1920, nascia santa Joana D'Arc. A heroína francesa poderia, oficialmente, interceder pelos homens junto a Deus. No entanto, meus caros, testemunhas garantem que ela chegou à casa do Pai quase quinhentos anos antes, no dia em que foi injustamente morta em Rouen. Antes de ouvi-las, voltarei um pouco no tempo.

Joana tinha apenas dezoito anos quando foi presa. Por um momento, penso na perseguição cruel aos cristãos durante o segundo e o terceiro séculos do Império Romano. Eram presos e sacrificados como bestas selvagens. No entanto, morriam heroicamente. E a morte, em si, era o testemunho de que possuíam um segredo. Alguns pagãos, estarrecidos, costumavam proclamá-lo: “Grande é o Deus dos cristãos”. 

Porém, naquela época, os algozes eram inimigos da Igreja. Ter sido traída, presa e julgada por homens da Igreja que seguia – e amava – já era um golpe violento contra Joana. Durante várias sessões, ela foi interrogada por horas ininterruptas. Na transcrição do processo, salta aos olhos os ardis de inquisidores maliciosos para torná-la culpada de crimes que jamais cometeu. E também fica evidente que a sabedoria com que Joana respondia não era deste mundo. E revelava, indubitavelmente, o ensinamento de seu Senhor: “Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer. Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso pai que falará por vós” (Mateus 10, 19-20).

Além de sofrer intensa pressão psicológica no tribunal, Joana era maltratada na prisão. Entre os inúmeros percalços, ela enfrentou tentativa de estupro e de envenenamento. Em um sábado de aleluia, foi interrogada diretamente em sua cela. Queriam saber se ela aceitaria o julgamento da Igreja. Joana foi enfática: “Não posso negar qualquer coisa que veio a mim por intermédio de minhas visões e revelações, nem deixarei de fazer qualquer coisa que meu Senhor ordene que eu faça. E se vocês me disserem que minhas revelações são ilusões ou coisas diabólicas, continuarei a colocar tudo nas mãos do meu Deus. Tudo o que fiz foi sob o comando de Deus, e de nenhuma outra maneira eu poderia ter feito o oposto. E se a Igreja Militante me ordenar que eu faça o contrário, não me submeterei a ninguém no mundo exceto a Nosso Senhor”. 

Ela poderia ter abjurado e trocado a pena de morte pela prisão perpétua. Preferiu não trair seu Senhor. A santidade não nos torna menos humanos, mas aprofunda a humanidade em nós. Ao ver, pela primeira vez, o lugar em que seria executada, Joana caiu, tremendo e chorando. Conseguiu se ajoelhar e suplicou aos presentes que rezassem por ela. Recebeu uma cruz improvisada por um guarda inglês e a pôs sob o vestido. Quando o calor começou a abrasar seu corpo, Joana gritou várias vezes: “Jesus”. Até desmaiar, asfixiada pela fumaça. Segundo testemunhas, algo estranho aconteceu naquela praça. Talvez o primeiro milagre de Joana após sua partida. A multidão deixou de festejar e formou-se um coro de lamento, choro e protesto. As palavras do secretário do rei da Inglaterra foram ouvidas e registradas: “Estamos perdidos, queimamos uma santa”. Martin Ladvenu e Jean Alespée, participantes do interrogatório, confessaram abertamente que desejavam que suas almas, algum dia, fossem para o mesmo lugar que a alma daquela mulher. O dominicano Rouen Pierre Bosquier correu para uma taberna, se embriagou e proferiu injúrias contra os juízes do processo. Foi punido. O carrasco dirigiu-se a um convento e se confessou. Estava emocionado e desesperado. Séculos depois, imaginando a Paixão joanina, empresto o fascínio dos pagãos diante do Mistério maior: “Grande é o Deus de Joana”. 


Sinto-me confortável para afirmar que a santidade de Joana foi forjada na prisão e desabrochou na fogueira. Ouvindo os testemunhos, não vejo apenas uma heroína que ajudou a libertar a França. Enxergo uma santa. Uma santa que, inadvertidamente, serviu de modelo às mais diversas causas: feminismo, socialismo, nacionalismo... Mas nunca esteve a serviço de nenhuma delas. Basta ouvi-la em seu julgamento. Retratar Joana sem Deus – ou sem as vozes celestiais – é arrancar a essência de sua vida. É traí-la mais uma vez. Ela tampouco deve ser relegada aos livros de história. Ou permanecer confinada em centenas de romances e dezenas de películas. Na oitava sessão do julgamento, um interrogador lhe perguntou: “Suas vozes e espíritos ficam com você por muito tempo?”. A resposta: “Eles vêm com frequência a cristãos que não os veem, e eu tenho estado ciente com frequência de sua presença entre pessoas cristãs comuns”. A voz de Joana não se calou na fogueira, meus caros. Pelo contrário, ela se libertou dos estreitos limites do espaço e do tempo. E passou a soprar, discretamente, nos ouvidos de quem estivesse disposto a ouvi-la. 

Imagino que um dos maiores estadistas do mundo moderno tenha ouvido Joana. Por um capricho do destino – ou pelas mãos da divina Providência –, seus antepassados fizeram de tudo para dominar a França. Seis séculos após o início da Guerra dos Cem Anos, enfrentavam um inimigo bem mais poderoso que desejava estender seus tentáculos diabólicos sobre a Europa. Winston Churchill talvez tenha compartilhado com Joana as aflições de ter o povo subjugado por forças externas. E registrou, memoravelmente, no primeiro volume de História dos Povos de Língua Inglesa: “Joana foi um ser tão acima da maioria da humanidade que em mil anos não se encontra outro igual... Ela personifica a bondade natural e o valor da raça humana em uma perfeição sem precedentes. Coragem invencível, compaixão infinita, a virtude dos simples, a sabedoria dos justos resplandeciam nela”.  

Digo que Churchill ouviu a voz de Joana – mesmo que essa expressão seja apenas licença poética – porque foi capaz de compreender, perfeitamente, que sua missão transcendia a disputa entre linhagens reais, entre partidários de Carlos VII e de Henrique VI, entre borgonheses e armanhaques. Libertar seus conterrâneos – e transformar o delfim em rei ungido – era apenas a parte imediata de uma missão grandiosa que extrapolava as fronteiras plásticas de uma Europa em formação e abarcava a humanidade inteira. Sim, a missão de Joana era grandiosa. Corrijo-me: Ainda é. 

Retomando as obras de ficção, Mark Twain publicou, em 1885, o Adventures of Huckleberry Finn. A obra, apelidada de “o maior romance americano”, não era, entretanto, a preferida do autor. Segundo o próprio: “Prefiro Joana d’Arc a qualquer outro dos meus livros; ela é, de fato, minha melhor obra; estou absolutamente convencido disso”. E aqui, meus caros, consigo enxergar outro milagre de Joana. Um milagre bem mais sutil do que as curas alardeadas nos processos de beatificação e canonização. É um milagre quando um agnóstico, como Mark Twain, venera uma santa com uma devoção religiosa. Joana conquistou seu coração ao ponto de ele proclamá-la, sem qualquer hesitação: "a pessoa mais extraordinária que a raça humana já produziu”. 


Como a Academia de Hagiologia é brasileira, seria justo e oportuno citar um autor de nossa terra. Érico Veríssimo se apaixonou por Joana ao assistir o filme La Passion de Jeanne d'Arc, lançado em 1928. E resolveu escrever uma biografia romanceada para o público infanto-juvenil. No final de sua obra, ele reservou algumas páginas para uma carta pessoal à musa: “Joana, doce Joana, agora que saíste fora do tempo, fora do mundo, pertences a quem quer que tenha um pouco de fé ou imaginação. Sinto neste momento a tua presença...”. Como devem ter percebido, é fácil ter o coração incendiado por Joana d´Arc. E basta um pouco de fé – e de silêncio – para escutar sua voz.

Peço licença para encerrar este discurso, sem, no entanto, abrir mão da palavra. Seguindo as diretrizes da Academia, apresentarei um trabalho sobre minha patronesse. Inicialmente, pensei em escrever uma versão romanceada de sua história. Porém, precisaria de alguns anos para concluir o projeto. Resolvi perguntar ao presidente qual seria o objetivo principal desse trabalho. A resposta: “homenagear sua patronesse”. Essa resposta me fez mudar de rumo. A melhor homenagem que poderia fazer à santa Joana difundir seu culto. E hoje, data de minha posse, apresento as duas partes desse trabalho. A primeira é também uma homenagem a um dos fundadores da Academia e presidente de honra, José Luís Lira. Sua nobre missão de nos fazer conhecer a verdadeira face dos santos, juntamente com Cícero Moraes, tem ampla repercussão internacional. A reconstituição facial baseia-se na reconstrução forense do rosto a partir de uma relíquia de primeira classe: o crânio dos santos. Como todos sabem, Joana d´Arc foi queimada. E, em determinado momento, conta-se que seu crânio explodiu por causa da pressão do vapor acumulado. Seus restos foram reunidos e lançados ao rio Sena - na tentativa de evitar que se tornassem relíquias ou fossem utilizados para feitiçaria. Isso não impediu que ela visitasse a imaginação de artistas renomados no decorrer dos séculos. E fosse retratada à exaustão. E, com o advento do cinema, belas atrizes emprestaram o rosto à santa em interpretação memoráveis.

Apesar da grande variação entre as imagens, o rosto de Joana permanece uma incógnita. Em 3 de março de 1431, quando estava presa, um de seus juízes perguntou se ela tinha mandado fazer um autorretrato. Provavelmente, desejava acusá-la de presunção, já que ser retratado era prerrogativa de reis, bispos e outras personalidades. Joana respondeu que certa vez tinha visto uma pintura assinada por um artista escocês. Parecia-se com ela. Em 1429, outra provável imagem de Joana combatendo os ingleses estava em circulação e à venda. Nenhum desses “retratos” foi preservado. Algumas iluminuras chegaram aos nossos dias. A que ornamenta a obra Le Champion des Dames, datada em 1440, é considerada, por vários estudiosos, a imagem antiga mais fidedigna da santa. Mas é póstuma.



Uma imagem contemporânea chegou aos nossos dias. Infelizmente, não foi executada por alguém com dotes artísticos. Trata-se de um esboço na margem de um documento, feito por um escrivão do Parlamento de Paris, em 10 de maio de 1429.




De três a sete décadas após a morte de Joana, um monumento foi construído sobre a Pont des Tourelles, em Orléans. A heroína estava ajoelhada à esquerda de uma pietà. Essa imagem se baseava em descrições contemporâneas conservadas em Domrémy – e arredores – e em Orléans, a exemplo do rosto redondo e do pescoço curto. Talvez só tenha pecado por um detalhe: Joana não tinha cabelos compridos caindo-lhe sobre os ombros. Ela os usava bem curtos, como os soldados. Em 1792, a primeira estátua de Joana foi completamente destruída. Felizmente, havia uma cópia, em pedra policromada, na catedral de Saint-Étienne de Toul.

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A estátua na catedral foi erigida sob os auspícios de um dos descendentes da família d´Arc: Claude Hordal. E é razoável supor que, entre os modelos disponíveis, ele tenha escolhido o mais fiel à imagem da ilustre antepassada. Ou seja, a escultura da Pont de Tourelles. Décadas mais tarde, seu sobrinho, Etienne Hordal, encomendou uma réplica em tamanho menor para um oratório erguido na cidade natal de Joana.


Apesar disso, ela tem duas características dissonantes. Além dos cabelos curtos, já mencionados anteriormente, eles não eram loiros ou ruivos, conforme sugeriria resquícios de cor na escultura em Domrémy. Joana era morena. Baseado em referências visuais contemporâneas e em todas as descrições possíveis – e confiáveis – da aparência de Joana d´Arc, tive a pretensão de desenvolver, com Marcelo Braga, seu retrato artístico mais fidedigno. Sem deixar de lado, claro, o precioso conselho de Mark Twain: Sabemos como era Joana sem necessidade de perguntar coisa alguma – nós a conhecemos pelo que ela fez. O artista deveria pintar seu espírito – se fizesse isso não se enganaria – teria pintado Joana corretamente. Sua imagem seria bela: a imagem de uma jovem graciosa e esbelta, impregnada da ‘graça espontânea da juventude’, encantadora e gentil, um belo rosto transfigurado pela luz daquele intelecto brilhante e pelo fogo do seu espírito insaciável".  


Apresento, agora, aos senhores, o verdadeiro rosto de santa Joana d’ Arc:

A segunda parte de meu trabalho é uma oração que compus à minha patronesse, com aprovação eclesiástica de Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal e arcebispo de São Paulo, concedida em 2 de março de 2017. Gostaria de encerrar esse evento da maneira mais apropriada: fazer coletivamente, pela primeira vez, essa prece...

Santa Joana, desde pequenina ouvistes o chamado do Reino dos Céus. Tocai em meus ouvidos para que eu também ouça a voz do Alto. E acolha, sem tibieza, as missões que o Senhor me confiar.
Com vossa espada, livrai-me dos inimigos da alma. À sombra de vosso estandarte, protegei-me dos golpes traiçoeiros e cuidai de minhas feridas. Tocai em meus olhos para que, como vós, eu enxergue os irmãos desamparados e oprimidos. E liderai-me nas justas batalhas para socorrê-los.
Santa Joana, tocai em meus lábios para que eu professe com a sabedoria do Espírito as verdades da Fé. E saiba defendê-las dos ataques dos sábios deste mundo. Possa meu testemunho afugentar lobos e trazer ovelhas perdidas de volta ao rebanho de Cristo.
Tocai em meu coração para que se mantenha sempre leal ao Rei do Céu. Que eu nunca renegue minha cruz. E tenha coragem de levá-la, se preciso for, até o mais doloroso martírio.
Santa Joana, intercedei por mim para que, ao final de minha peregrinação por este mundo, mereça alcançar a Pátria Celeste. E, ao seu lado, possa unir minha voz ao coro dos anjos e dos santos na glorificação eterna de Nosso Senhor.
Amém

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