Reunião da ABRHAGI - 28/11/2011

Na última reunião da ABRHAGI, realizada na noite de segunda-feira do dia 28/11/2011, tivemos a palestra sobre Santo Agostinho proferida pelo Prof. Francisco Camelo Nogueira (Francino), o qual é mestre em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará, onde apresentou sua dissertação sob a orientação do Pe. Francisco Manfredo Tomás Ramos, com o tema: A inquietude do ser humano: uma visão ético-antropológica de Agostinho de Hipona segundo o livro Confessionum Libri Tredecim e outros escritos.
Segue abaixo o inteiro teor da palestra:
Concepção de Homem: Inquietum Cor, segundo Aurelius Augustinus, Agostinho de Hipona, Santo Agostinho (354 - 430)

Francisco Camelo Nogueira

Como está anunciado, abordaremos o tema Concepção de Homem segundo o pensador de nome Aurelius Augustinus, também conhecido por Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho e o faremos a partir da expressão” Inquietum Cor” que se encontra logo no início das “Confissões”, sua autobiografia, a primeira de que se tem notícia na historia.
Africano de nascimento e de raça e romano de língua, cultura e coração, Aurelius Augustinus nasceu em 13 de novembro de 354, em Tagaste, pequena cidade da atual Argélia, situada entre montanhas, no norte da Africa. Viveu, portanto, no início da segunda metade do século IV e nas três primeiras décadas do século V da era cristã. Sua ida definitiva para a Cidade de Deus ocorreu em 28 de agosto de 430.
Foram 76 anos de uma vida intensa, de muita lucidêz do pensador Aurelius Augustinus, considerado figura central na transição da filosofia pagã para a filosofia especificamente cristã.
Além das Confissões, a Cidade de Deus é outra obra famosa escrita por Agostinho, de cunho político, a mais extensa delas, distribuida em 22 livros cuja produção durou 14 anos.
Agostinho é autor prolífico em muitos gêneros, o que demonstra que o Bispo de Hipona dedicou a maior parte de sua vida na atividade de produção de textos, não se descuidando também, em momento algum, de suas atividades pastorais postas em prática através do seu imenso epistolário, direcionado às comunidades e aos seus inúmeros amigos e correligionários.
No final de sua vida, precisamente nos anos 426 a 428, Agostinho cuidou de escrever as Retratacões, uma revisita de todas as suas obras onde ele, entre outras coisas, se queixa e se diz arrependido de ter se utilizado demais de filósofos pagãos.
As Confissões é considerada a obra da maturidade do Santo Doutor, pois foi escrita nos anos 397 e 398, quando Agostinho completava 46 anos de vida, 14 anos após sua conversão e exatos 30 anos antes de sua morte.
Nela, o Santo Doutor narra, sob a forma de confissão a Deus e à humanidade sua conversão. Mas, o Autor vai muito além no seu belo tratado. Nas Confissões, Aurelius Augustinus discorre sobre sua concepção de Homem, definindo o ser humano como um Inquietum Cor, um Coração Inquieto.
Essa foi pois a razão maior de nossa pretensão de desenvolver o tema da inquietude humana, marca maior do homem pensada pelo Hiponense, ao longo do seu texto.
Ao iniciar sua autobiografia denominada as Confissões cujo título original latino é Confessionum libri tredecim (os treze livros das Confissões), o Hiponense assume a postura de orante, dirigindo-se ao Criador, com essa frase paradigmática, introduzindo seu tratado sobre sua concepção de Homem.
Fecisti nos ad Te et inquietum est cor nostrum donec requiescat in Te. Fizeste-nos para Ti e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti.
A concepção de homem com um inquietum cor é pois a marca indelével do homem e do filósofo Agostinho que percebe no homem a postura de um ser que está sempre em busca de, razão portanto de sua inquietude.
Na expressão “Inquietum cor” percebe-se, nessas duas palavras, a síntese de todo o livro As Confissões. Ela expressa a angústia existencialista que atormenta o Homem, denominado pelo Hiponense como “fragmentozinho da criação”. No inquietum cor está uma clara e sucinta definição de Ser Humano, clareza, aliás, mui peculiar ao pensamento filosófico de Agostinho de Hipona.
É interessante observar a expressão de que se serve o pensador Agostinho. Ele não define o homem como um ser inquieto, mas, como um cor inquietum, um cor, um coração, um órgão do corpo cuja atividade pulsante, está incessantemente atenta no alertar e no apontar ao homem, ser buscante, o caminho que ele tem que seguir rumo a Deus, centro e repouso da alma inquieta.
A inquietude que, no senso comum parece ter caráter negativo, é carregada, na concepção de Agostinho, de conotação positiva, já que é a marca maior do ser humano, um ser buscante, um ser que está sempre em busca de saber, em busca da verdade, razão de ser da inquietude humana.
O testemunho de ser inquieto bem se evidencia, em Agostinho, no decorrer das suas Confissões. A concepção de homem como um “Inquietum Cor” é pois, a marca indelével do homem e do filósofo Agostinho.
Já desde sua primeira escola, o aluno Aurelius Augustinus, externava sua inquietude na busca do saber, demonstrando grande admiração pela retórica. Chegava mesmo a confessar-se orgulhoso por alimentar o grande sonho de sua vida que era o de destacar-se na eloquência e, até mesmo, o de ser o melhor no campo da retórica.
Vale ressaltar, no entanto, que, como confessa ele mesmo, o inquieto Agostinho, nas suas Confissões, não carregava boas recordações dos primeiros momentos escolares, chegando mesmo a externar - e isso ele o faz sob a forma de denúncia - sua grande aversão à primeira escola, onde a pedagogia posta em prática era a Pedagogia do açoite. (I.16).
Eis a Pedagogia do açoite, descrita por Agostinho:
Fui mandado à escola para aprender as primeiras letras, cuja utilidade eu, infeliz, ignorava. Todavia, batiam-me, se, no estudo, me deixava levar pela preguiça. As pessoas grandes louvavam esta severidade. [...] Pedia-te, Senhor, que na escola não fosse eu açoitado. [...] Até meus próprios pais riam-se daqueles açoites, o meu maior e mais penoso suplício. (I,9)
No entanto, o Impetuoso e inquieto Agostinho, demonstrava muito entusiasmo, ponderação, dedicação e amor às leituras e aos livros. Nessa época, o inquieto e, porque não dizer arrogante, Agostinho chegou a iniciar-se nos estudos sobre as Escrituras, tendo, no entanto, logo desistido por considerar os textos das Escrituras por demais vulgares e até mesmo indignos de serem lidos por um homem culto. Em Cartago, já nos estudos superiores, o Hiponense chegava a vibrar ardorosamente diante do esplendor das cerimonias em honra aos deuses protetores do Império. De todos esses desvios ele se queixa arrependido nas suas Confissões.
A tão propalada erudição do Santo Doutor é fundada no amor à leitura e na exacerbada inclinação para a Filosofia. Aurelius Augustinus era também dotado de forte senso prático e, voltado sempre para a busca da felicidade a que toda a humanidade anseia, associava sua sensibilidade profunda a uma religiosidade ardente: “O homem, afirma Agostinho no De Civitate Dei, não tem outra razão para filosofar, se não for para atingir a Felicidade”.
Além da filosofia, Agostinho mostrava-se também um entusiasta estudioso e amante da Língua Latina. Passava ele horas e horas a decorar versos dos poetas clássicos e vários textos dos prosadores latinos. Curtia o Hiponense uma forte predileção pelo Hortensius de Cicero. Para evidenciar a importância e a influência desse livro de Cicero - que exalta e exorta os leitores, sobretudo os jovens, a perceberem a importância do estudo da Filosofia - no pensamento filosófico de Aurelius Augustinus, vale lembrar que o Autor das Confissões reservou um capítulo delas, o terceiro, para falar sobre isso.
Vale aqui lembrar que o grande retórico, famoso consul, senador da república, escritor, filósofo, orador e estadista romano, de nome Marcus Tulius Cicero, viveu no período entre 103 a 46 a. C. Cicero é o autor também dos famosos discursos, proferidos, no final da republica, no senado romano, onde já naquela época denominada de “época ciceroniana” grassava a corrupção. Tais discursos são denominados “As Catilinárias”, em razão de serem eles dirigidos contra seu colega de parlamento que comandava a corrupção no senado romano, de nome Catilina. (III, 4).
O filósofo político Aurelius Augustinus, na busca de erudição e também sempre atento ao acompanhamento dos fatos políticos romanos – política que ele desenvolve muito bem na sua obra de cunho político, a De Civitate Dei, a Cidade de Deus - foi um leitor assíduo dos discursos de Cicero. Vale ressaltar também que outra razão maior da predileção de Agostinho pelos escritos ciceronianos residia no fato de que Cicero teve o grande mérito de promover a unidade entre a Retórica e a Filosofia.
Além da definição agostiniana de “Inquietum Cor”, nessa frase paradigmática está também explícita a trajetória da vida do homem, qual seja, o homem racional, assim como as outras criaturas, é criado por Deus, A DEO; tem seu destino traçado, o AD DEUM; e sua inquietude só cessa quando ele repousa em Deus, o requiescat IN DEUM.
Na sua autobiografia as Confissões, Agostinho se revela o grande analista de problemas psicológicos íntimos, tanto quanto de questões puramente filosóficas.
Após várias leituras atentas das “Confissões”, objeto do nosso estudo, a obra mais lida até hoje, chega-se à conclusão de que no texto do Santo Doutor vislumbra-se, além do psicólogo, do filósofo e do teólogo, também o antropólogo, o pedagogo, o literato, o ecólogo e o historiólogo, tamanha é a variedade e amplitude dos conhecimentos aplicados nos temas ali tratados.
As “Confissões”, obra profundamente carregada de conotação psicológica, é uma comovente narração, sob a forma de confissão a Deus e a toda humanidade, dos conflitos existenciais e espirituais que invadiram a alma de Agostinho. Nessa obra, aparece, de forma concreta, a inquietude imanente que perdura por toda a vida do seu autor, desde sua concepção até sua conversão e sua relação com o transcendente.
As Confissões é uma rica e bela obra literária escrita num estilo fácil e sutil, onde predominam as antíteses e os jogos de palavras tão peculiares ao estilo do autor e que proporcionam ao leitor atento a percepção clara da unidade entre a Retórica e a Filosofia, a qual Agostinho foi buscar, como dissemos, em Cicero, cujos textos alimentaram a grande predileção do Hiponense. Permitam-me os leitores e/ou os ouvintes que, vez por outra, sirva-me dos textos originais latinos das suas Confissões no intúito de enfatizar as nuances do estilo do Autor, que alimentava, como já frisamos, grande predileção pela lingua latina. Sua maneira de falar e escrever é deveras enriquecida pela sonoridade das antíteses e jogos de palavras que tornam muito agradável a leitura dos textos escritos pelo Santo Doutor.
Nas Confissões, o intelectual e retórico de grande erudição, o pensador mais ilustre dos primeiros tempos do cristianismo, além do teólogo, Aurelius Augustinus se mostra o artista, o ecólogo que investiga e admira no mundo as imagens coloridas do Supremo Ser. Nelas, Agostinho revela-se também o teórico do catolicismo, assim como acirrado combatente das heresias de então.

A REVELAÇÃO/CONVERSÃO

Aos 32 anos de idade, em 386, ocorre o fato mais marcante da vida de Agostinho, a sua conversão. No capítulo VIII de sua autobiografia, é impressionante, chegando a ser mesmo comovente, a narração de sua própria conversão.
Para se ter uma ideia concreta do que se passou na alma do homem Agostinho, nunca é demais pinçar das Confissões alguns fragmentos que retratam a angústia existencial que invadira a alma do Hiponense.
Confessa ele, fechando as suas Confissões:
Ela (a conversão) é o reconhecimento do Deus que já, há muito, em mim habitava, apesar de toda a minha resistência em aceitá-lo.
Percebam a beleza do texto original latino que expressa o pensamento do retórico Santo Doutor: Tu intus me eras et ego foris te quaerebam. Traduzindo, Tu estavas dentro de mim e eu lá fora a Te procurar. E logo acrescenta: Tu mecum eras et (ego) Tecum non eram. Traduzindo: Tu estavas comigo e (eu) não estava conTigo, querendo Ele ensinar que mesmo quando não O aceitamos, Deus, a Felicidade, não desiste de quem busca ser feliz e também que Deus se antecipa no socorro àquele que O procura, como que alertando que querer encontrar já é encontrar.
E, mais adiante, perambulando pelo jardim, depois de pedir a seu amigo Alípio que o deixasse só, na amargura da sua ansiedade e da sua inquietude, interroga a Deus, sob a forma mesmo de exigência: Por que, Senhor, não por fim às minhas torpezas? Agora já! Nesta mesma hora? Por que? Dizia eu essas coisas e chorava com amaríssima contrição de meu coração.
E aí Deus, narra Agostinho, vai atender a sua súplica:
Eis que, de súbito, ouço uma voz vinda da casa próxima. Não sei se de menino, não sei se de menina. Cantava e repetia frequentes vezes: Tolle et lege! Tolle et lege! “Toma e lê! Toma e lê!”. Peguei o livro do Apóstolo, abri-o ao acaso e li em silêncio: “Como de dia, andemos decentemente; não em orgias e bebedeiras, não em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciumes. Mas, revistamos-nos do Senhor Jesus Cristo e não nos deixemos escravizar pelos nossos desejos.”(Rm 13,13) (VIII,12).
E conclui, como que pondo termo à sua angústia:
Não quis eu ler mais... não me era mais necessário... Apenas acabei de ler estas frases, penetrou-me em meu coração uma espécie de luz serena. Todas as trevas da dúvida fugiram [...] Eu já não procurava mulher nem outra esperança alguma deste mundo, mas penetrava em mim aquela regra de fé, que durante tantos anos antes me tinha mostrado minha mãe”. (VIII, 12)
E aí o desabafo do apaixonado se transforma em lamentosa declaração de amor, tão própria do pensamento agostiniano. Curtam mais uma vez a beleza do latim do Hiponense:
Sero te amavi, Pulchritudo tam antiqua et tam nova! Sero te amavi! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde Te amei! E, insistindo no reconhecimento de sua cegueira de até então: Et ecce intus eras et ego foris et ibi te quaerebam. E eis que Tu estavas dentro de mim e eu lá fora a Te procurar. Mecum eras et tecum non eram. Tu estavas comigo, e eu não estava contigo..
Ao mesmo tempo em que Agostinho reconhecia a formosura das coisas criadas, enxergava a feiura do pecado que deformara sua alma: Et in ista formosa quae fecisti deformis irruebam. E sobre essas coisas formosas que Tu fizeste, eu lançava-me deformado. Noutras palavras, Agostinho quis mostrar que o pecado é, ja em sí, um castigo que violenta, amargura, deforma não somente o pecador, mas atinge até a formosura das outras criaturas (I, 5,). O mal, o pecado, é a perversão da vontade desviada da Substância Suprema, Deus (VII, 16).
Cessadas as lamentações, o apaixonado Agostinho, convicto de ter encontrado a verdade e com ela o verdadeiro amor, passa a tecer loas e decantar a força do amor verdadeiro: Amor meus, pondus meum! O meu amor é o meu pêso! (XIII, 9). Dá então o Santo Doutor uma de físico, fazendo a analogia de que o amor é como um pêndulo que leva a alma para onde ele se move. E acrescenta, no seu entusiamo: Amare et amari mihi dulce erat! Amar e ser amado me era doce!
Para Agostinho, a verdadeira filosofia é a que busca a felicidade a que todos aspiram. O ser humano é o único ser que, tendo consciência de sua finitude, busca o Infinito; é o único ser que, sendo perfectível, e tendo consciência de sua imperfeição, vive a buscar o Perfeito; o único ser que, sendo inacabado, relativo, tem consciência do seu inacabamento e está sempre buscando o Absoluto.
Aliás, o marxista-cristão Paulo Freire, na sua Pedagogia do Oprimido, fazendo uma leitura fiel do pensamento agostiniano acerca da concepção de homem, afirma: “A consciência do mundo e a consciência de si, como ser inacabado, necessariamente inscrevem o homem, ser consciente de sua inconclusão, num permanente movimento de busca”.
O drama existencial do homem em busca da felicidade consiste em que, sendo ele ao mesmo tempo solicitado pelos bens temporais e pelos bens eternos, constitui-se assim um inquieto. O homem inquieto, de que trata o Hiponense, aquele que sabe que sua dimensão corporal tem começo, meio e fim, sabe também que não pode se satisfazer com o que é ou com aquilo que possui. A inquietude do homem é a inquietude bénéfica, já que faz do homem um ser buscante, um ser que vive continuamente buscando algo mais.
A inquietude própria do ser humano, que decorre dessa situação contraditória e paradoxal, gera uma crise existencial que atormenta a todos nós e, sobretudo, a Agostinho que encontrou a solução: o homem só transcende sua contingência, sua limitação, sua imanência, impostas pela matéria, quando alça vôo rumo ao Transcendente que é o seu destino final para o qual foi criado.
Agostinho deixa bem clara tal contradição ao afirmar que todas as criaturas, inclusive o homem, foram feitas por Deus, a Deo; só que o homem, além de ser criado por Deus, a Deo, ele foi criado para Deus, ad Deum. Daí porque a felicidade do homem agostiniano está na esperança e na certeza de que sua inquietude só cessará quando ele chegar ao seu destino final, ad Deum, para o qual ele foi criado:
O requiescat in Deum, o repouso, em Deus.
Concluindo, saindo do ciclo material, animal e mesmo racional, o homem se projeta no mundo espiritual, na esfera do Absoluto e do Infinito. Assim, o homem concebido por Santo Agostinho é um ser inquieto, um ser buscante e, por consequência, um ser religioso e espiritual. Perdido, perambulante pelos labirintos do erro, ou, na linguagem agostiniana, pelos circuitus erroris, diante de um mundo hostil e de uma realidade indecifrável, ele, converte-se, reza, arrepende-se, pede perdão pelos erros cometidos e invoca proteção e segurança a Deus, o Ser que condensa as ideias de infinitude, de perfeição e de absolutidade.
A decisão inédita de Agostinho em escrever, na sua maturidade, as Confissões revela bem o senso prático de que o Hiponense é dotado. Pensamos ter sido essa a maneira que Agostinho encontrou para proporcionar aos leitores e à humanidade inteira a oportunidade de fazer valer a sua capacidade de seres buscantes da verdadeira felicidade, postura essa que vai descambar na inquietude, no inquietum cor, a marca maior do ser humano, ser racional dotado de livre arbítrio, que só descansa quando repousa em Deus e assim se distingue infinitamente das outras criaturas de Deus.
O drama da inquietude humana abordada por Agostinho, nas suas Confissões continua a atormentar o homem contemporâneo. Se, por um lado, o homem dos nossos dias é marcado pelo hedonismo, para Agostinho a verdadeira filosofia é a que busca a felicidade a que todos aspiram, razão por que se renova, dia a dia, o interesse do homem de hoje pelo Transcendente e pela dimensão espiritual da alma humana.
Concluindo, o homem agostiniano é um INQUIETUM COR porque é um ser que está sempre em busca de, é um ser buscante. O homem agostiniano é um INQUIETUM COR porque, consciente e livre, ele também é o ser finito que busca o Infinito, é o ser imperfeito que busca o Perfeito, é o ser inacabado que busca o Acabado, é o ser relativo que busca o Absoluto, é, enfim, é o ser imanente que busca o Transcendente.

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