Irmã Adélia, Serva de Deus
Na última quinta-feira,
22 de fevereiro, a Superiora Provincial das Religiosas da Instrução Cristã, Ir.
Cleonice Aparecida dos Santos, anunciou que o Bispo de Pesqueira, Dom José Luiz
Ferreira Salles, CSsR, recebeu do Dicastério para as Causas dos Santos o “Nihil
Obstat” (Nada Obsta), documento pelo qual a Santa Sé reconhece Irmã Adélia como
Serva de Deus, declarando assim que não há nada que impeça a introdução da sua
causa de beatificação e de canonização.
Filha de Artur Teixeira
de Carvalho e Auta Monteiro de Carvalho, Maria da Luz Teixeira de Carvalho
nasceu no dia 16 de dezembro de 1922, em Pesqueira, agreste pernambucano.
Recebeu o sacramento do Batismo na Igreja de Nossa Senhora das Montanhas, no
povoado de Cimbres, município de Pesqueira - Pernambuco, no dia 7 de janeiro de
1923.
No dia 6 de agosto de
1936, nesse mesmo povoado, enquanto catavam sementes de mamona, Maria da Luz e
a sua amiga Maria da Conceição receberam pela primeira vez a visita de Nossa
Senhora.
Maria da Luz perguntou a
Maria da Conceição o que ela faria se, naquele momento, elas fossem atacadas pelo
cangaceiro Lampião e o seu bando, os quais agiam na região com roubos e
assassinatos. Prontamente, Maria da Conceição respondeu que Nossa Senhora
haveria de dar um jeito e protegê-las. Nesse momento, viram, no alto da serra, uma
mulher muito bonita com uma criança nos braços. A mulher chamou as meninas para
se aproximarem e foi atendida.
Quando voltaram para
casa, as meninas contaram a história para os pais de Maria da Luz.
Inicialmente, eles não acreditaram, e Artur foi com as meninas até o local da
aparição. Ao chegaram lá, as duas viram novamente a mulher. Sem
conseguir enxergar e achando que era alucinação das meninas, o pai de Maria da
Luz pediu que ela perguntasse para a mulher quem era ela e o que queria. Ela
respondeu que era a Graça e que tinha vindo para avisar que haveria de vir três
castigos mandados por Deus, e, por isso, pedia oração e penitência.
Não demorou muito para que
a história se espalhasse e o local virasse lugar de peregrinação e oração. Outras aparições aconteceram no mesmo local às duas
meninas e foi nomeado, à época, um inquisidor das aparições, o padre José
Kehler. Ele fazia perguntas para Nossa Senhora em alemão e latim e Maria da Luz
e Maria da Conceição respondiam em português.
Em 1940, a jovem Maria da
Luz ingressou no Instituto das Religiosas da Instrução Cristã. No ano seguinte,
entrou para o noviciado e, a partir desse momento, recebeu o nome de Ir.
Adélia. E, em 1946, emitiu sua profissão perpétua.
Para
evitar o assédio de fiéis, eclesiásticos, bem como atritos com alguns grupos de
críticos, no início da sua vida religiosa, a Ir. Adélia foi orientada por seus
superiores a manter o silêncio em relação às suas experiências.
Após um período de
silêncio, em 1985, Irmã Adélia reuniu as religiosas do seu Instituto para
partilhar a experiência que teve com Nossa Senhora. Ela resolveu quebrar o
silêncio porque estava com câncer, com metástase no fígado, e tinha pouco tempo
de vida, segundo os médicos. Algumas semanas depois da conversa, Ir. Adélia foi
com um grupo de irmãs para o local das aparições. Durante as orações, pediu
que, se fosse da vontade da Deus, que aquelas aparições fossem divulgadas, e que
ela fosse curada.
Curada, Ir. Adélia
iniciou suas atividades da creche Nossa Senhora da Graça, em Recife. A creche
surgiu do seu desejo de acolher crianças carentes da Vila Santa Luzia,
oferecendo-lhes, no contra turno da escola, aulas de reforço escolar e
proporcionando às mães de bebês um local para deixarem seus filhos, enquanto
trabalhavam. Aos poucos, o projeto de acolhimento foi tomando forma de escola e
passou a atender crianças de 4 a 6 anos de idade em salas de aula regular.
Também realizou trabalho social, junto à colônia dos pescadores em Itamaracá.
Ir. Adélia se dedicou aos
trabalhos religiosos e sociais, com ações que buscavam estruturar moradias para
as famílias carentes. Ela também desenvolveu um efetivo trabalho entre os
indígenas, a partir do final da década de 1980, quando retornou ao lugar das
aparições marianas.
Em 13 de outubro de 2013,
com 90 anos, Ir. Adélia faleceu, em Recife, deixando um legado de amor,
compaixão e inspiração.
Com a causa de Irmã
Adélia, o Estado de Pernambuco possui oito causas de beatificação: Dom Vital
Maria Gonçalves de Oliveira (1844-1878), Frei Damião de Bozzano (1898-1997),
Dom Hélder Câmara (1909-1999), Dom Expedito Lopes (1914-1957), Dom Antônio
Campelo (1904-1988), Padre Luís Cecchine (1924-2010), Frei Caetano de Messina
(1807-1878).
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